Esta obrafazia parte da minha lista de livros a ler há séculos. Não o li há mais tempo porque, como sabia que era um livro genial mesmo antes de o ler, quis esperar para o ler no original, para não ter de lidar com uma tradução. Mas agora, finalmente, posso falar sobre ele.
“A lógica é de facto inabalável, mas não resiste a um homem que quer viver. Onde estava o juiz que ele nunca vira? Onde estava o alto tribunal a que nunca chegara?”
Começo por vos dizer que este post foi um dos que demorei mais a escrever e que este livro é um sobre o qual me custa um bocadinho falar. Há uns anos li A Metamorfose e fiquei a admirar muito Kafka. Investiguei sobre o autor, li contos e ensaios, até fui a colóquio sobre o tema. É estranho pensar que, apesar disso, ainda não tinha lido O Processo, que é só um marco na literatura e na filosofia e, provavelmente, a obra mais completa e importante deste autor. Todavia, para mim, não é estranho de todo. E vou tentar explicar porquê.
“Não há nada no mundo que ame como a ti, não é estranho?"
Pois é, outra vez Shakespeare! Bem sei que, para quem segue o blog, já é um abuso ir na terceira obra de Shakespeare, ainda por cima quase seguidas. Mas foi como já vos tinha dito, há uns tempos senti saudades do estilo e quis ler algumas coisas do autor que me tivesse passado ao lado. Muito Barulho por Nada é a terceira obra nesta espécie de 'ciclo Shakespeare’ e, com imenso gosto vos digo que é a minha preferida até agora. Tornou-se também a minha terceira peça preferida do autor de entre todas as que li, e mal posso esperar para vos dizer porquê!
“Não há nada mais estranho e mais melindroso do que a relação entre duas pessoas que apenas se conhecessem de vista, que diariamente e a toda a hora se encontram, se observam e que, por questões sociais ou mero capricho são obrigadas a manter a aparência de mutua indiferença”
A Morte em Veneza é um daqueles clássicos que toda a gente conhece. Às vezes, existem certos livros que ‘conhecemos’ tão bem, por estarem de tal forma enraizados na nossa cultura, que nem nos lembramos de os ler. Até nos depararmos por aí com eles e nos questionarmos (e repreendermos) por não nos termos lembrado de os ler antes. E é esta a minha história com A Morte em Veneza.
“Quando a própria vida parece lunática, quem pode saber onde está a loucura? Talvez ser demasiado prático seja loucura. Desistir de sonhos – talvez isto seja loucura. Demasiada sanidade talvez seja loucura – e a maior loucura de todas: ver a vida como ela é, e não como ela devia ser!”
Começo por vos dizer que esta é uma das reviews que estou mais feliz por fazer. Por duas razões. Primeiro, porque há muito tempo que queria ler este livro. Segundo, porque ele é mesmo muito grande e para mim, que estou habituada a ler “à velocidade da luz” (e da noite), foi especialmente estranho demorar praticamente duas semanas a acabar um livro. Admito, com alguma vergonha, que foi por isso que não li este livro mais cedo. Agora, sinto que me saiu um peso de cima (porque todo o bom leitor tem de ler Dom Quixote), e que saí desta experiência muito mais enriquecida, porque o livro realmente justifica o seu estatuto no cânone literário.
Estudante de Letras. Romântica Incurável. Perdida algures num sonho. Apaixonada por livros, chá, contos de fadas, tragédias e chuva. Entre Flores & Estrelas.