Este mundo, meu amigo, pertence aos fortes. O ritual da nossa existência baseia-se nos mais fortes a devorarem os mais fracos. Temos de enfrentar isto. E também é certo que assim seja. Temos de aprender a aceitar isto como uma lei do mundo natural. Os coelhos aceitam o seu papel no ritual e reconhecem o lobo como o forte. Em defesa, o coelho torna-se esquivo, assutado e elusivo e cava buracos para se esconder quando o lobo está por perto. E aguenta-se e continua a viver. Ele sabe o seu lugar. Certamente, não desafia o lobo para um combate. Isso seria esperto? Seria?”
Mais uma obra para a minha lista dos livros que devia ter lido há muito e, por alguma razão, não li. Neste caso encontro uma razão mais forte para só ter lido agora. Não faz muito o meu género de livro, de escrita, ou de história. Confesso desde já que apenas o li pelo seu estatuto e pela sua popularidade e não, não tenho vergonha de admitir isso. Portanto, também aviso que a minha opinião do mérito da obra pode não ser totalmente imparcial.
Eles amaram-se, não impulsionados pela necessidade, ou pelo “ardor da paixão” frequente e falsamente associado ao amor. Eles amaram-se porque tudo à sua volta conspirou nesse sentido, as árvores e as nuvens e o céu sobre as suas cabeças e a terra sob os seus pés. Talvez o mundo que os rodeava, os estranhos que eles conheciam na rua, as vastas extensões que viam nas suas caminhadas, as divisões em que vivam ou onde se encontravam, tivessem mais prazer no amor deles do quer eles tinham.
Não vou mentir logo no início. Só li Doctor Zhivago porque vi o filme há coisa de 1 ano e tal. Lembro-me de que não gostei especialmente do filme (vi a versão de 1965 realizada por David Lean), mas que gostei muito da história. Li sobre ela mais tarde e só fiquei surpreendida de não ter ouvido falar desta obra mais cedo. Não só porque adoro literatura russa no geral, mas porque a história é muitas vezes descrita como uma das grandes histórias de amor de sempre. Não sei se concordo, mas acompanhem-me.
Parecia-me estranho que o por-do-sol que ela via do seu pátio e aquele que eu via dos degraus atrás da minha casa fosse o mesmo. Talvez os dois mundos diferentes em que nós vivíamos não fossem assim tão diferentes. Nós víamos o mesmo por-do-sol.
Quando eu era mais nova adorava os chamados livros ‘coming of age’. Lia-os num instante. Ainda continuo a preferir livros, filmes e séries deste género. Pode ter a ver com o facto de ser mais fácil de me relacionar, claro. No meio da minha adolescência, estranhamente, passei ao lado de The Outsiders. Mais estranho, passei ao lado não só do livro, como do filme. Mas não passei ao lado da expressão icónica e proferida hoje indiscriminadamente que, na verdade, vem desta história - “stay gold”. Julguem-me, mas só no início deste ano descobri de onde vinha tal expressão e fiquei atrapalhada por perceber que tinha deixado escapar este famoso e importante ‘coming of age’ (ainda por cima considerado um clássico moderno!). Então, pus The Outsiders - ou, como se lembraram lhe chamaram em Portugal, Os Marginais -, na lista e apesar de só o ter lido no fim de setembro, finalmente posso riscar.
Ahab teve tempo para pensar; mas Ahab nunca pensa; ele apenas sente. Isso é intrigante para o homem mortal! Pensar é uma audácia. Apenas Deus tem esse direito e privilégio. Pensar é, ou deveria ser, algo frio e calmo; e os nossos pobres corações palpitam, e os nossos cérebros batem demasiado para o fazer. E, contudo, por vezes já pensei que o meu cérebro era muito calmo – frio, congelado.
Moby-Dick era outro daqueles livros que, antes de ler, tive de pôr numa lista antes para me ir convencendo de que tinha mesmo de o ler. Sempre o quis fazer, confesso que mais pelo seu estatuto em termos de cânone do que pelo apelo que a história propriamente dita tinha para mim. Agora estou bastante satisfeita com a conclusão deste projeto.
“A lógica é de facto inabalável, mas não resiste a um homem que quer viver. Onde estava o juiz que ele nunca vira? Onde estava o alto tribunal a que nunca chegara?”
Começo por vos dizer que este post foi um dos que demorei mais a escrever e que este livro é um sobre o qual me custa um bocadinho falar. Há uns anos li A Metamorfose e fiquei a admirar muito Kafka. Investiguei sobre o autor, li contos e ensaios, até fui a colóquio sobre o tema. É estranho pensar que, apesar disso, ainda não tinha lido O Processo, que é só um marco na literatura e na filosofia e, provavelmente, a obra mais completa e importante deste autor. Todavia, para mim, não é estranho de todo. E vou tentar explicar porquê.
Estudante de Letras. Romântica Incurável. Perdida algures num sonho. Apaixonada por livros, chá, contos de fadas, tragédias e chuva. Entre Flores & Estrelas.