“À Espera no Centeio”, J.D. Salinger
“Nunca digas nada a ninguém. Se o fizeres, começas a sentir falta de toda a gente.”
The Catcher In The Rye como é mundialmente conhecido, chegou às minhas mãos por iniciativa própria. Foi um daqueles livros dos quais já tinha ouvido falar tanto que não suportava ficar mais na ignorância. Quando o comprei já sabia que, aquando da sua publicação em pleno século XX, tinha sido aclamado sobretudo devido à sua diferença. Também já sabia que era um dos livros mais banidos de sempre. Tudo contribuiu para aguçar a minha curiosidade. Comprei assim que vi e li tão rápido que nem dei pelo tempo passar.
The Catcher In The Rye é narrado pelo jovem adolescente Holden Caulfield. Um adolescente triste, deprimido, sarcástico e amargurado com uma língua afiada e um pensamento crítico aguçado. Nesta obra ele narra-nos os dias que se seguem à sua expulsão de uma escola conhecida como Pencey. Ser expulso de escolas é algo que já não surpreende o jovem de The Catcher In The Rye.
Holden já não suporta estudar em escolas repletas de alpinistas sociais e cretinos. Ele não quer crescer para se tornar num jogador de golfe consumidor de Martinis. De certo modo ele não se consegue encaixar no meio onde o inseriram e, na minha opinião, essa é a grande angústia dele. Ele nunca sabe a quem ligar, com quem falar, o que fazer, ou onde ir. A certo ponto torna-se desesperante. Para além de tudo isso, ele não consegue lidar com os “phonies” (como se refere a algumas das pessoas que o rodeiam) que considera cínicos e inferiores. Muitas vezes nos descreve o quão difícil é ter uma conversa inteligente com alguém. O seu tom crítico denota a repugnância que tem por estes “phonies” e por a sua preocupação com as aparências.
O livro aborda temas que eram controversos na sua época de publicação, e alguns ainda hoje podem ser assim considerados – prostituição, consumo de álcool e substâncias ilícitas, e até violência. Certamente fatores que contribuíram para a discriminação que a obra sentiu aquando da sua publicação.
Agora com a leitura finita, penso no jovem Holden e sinto alívio por ele não ser real e por não viver no nosso mundo atual. Para mim ele representa uma espécie de rebelde inocente – um paradoxo. Para mim, ele representa alguém desesperado por manter a sua inocência num mundo depravado, perverso e injusto. Ele deseja tanto isso que a sua causa o torna numa espécie de rebelde – expulso de todas as escolas, uma companhia que os pais querem evitar para os filhos, mas simultaneamente alguém que quer forçosamente limpar de todas as paredes um repetido “Fuck you”.
The Catcher In The Rye é sim uma obra-prima da literatura, não só do seculo XX, mas de sempre. Uma história doce e inocente mas ao mesmo tempo desesperante e rebelde. Com uma linguagem muito acessível, lê-se muito bem e rápido. É uma obra não só para adolescentes, mas para qualquer público, pois em qualquer fase da vida nos podemos identificar com ela.