Saltar para: Post [1], Comentários [2], Pesquisa e Arquivos [3]

A Outra Menina Bennet

A Outra Menina Bennet

29
Jan18

“A insustentável leveza do ser”, Milan Kundera

Sofia

“Procuramos sempre o peso das responsabilidades, quando o que na verdade almejamos é a leveza da liberdade.” 

500_9789896604561_a_insustentavel_leveza_do_ser.jp

Comecei a ler este livro completamente por acaso. Obviamente que já tinha ouvido falar dele, mas nunca me tinha proposto a lê-lo. Estou neste momento a ler Guerra e Paz, e como sabem, esta obra em Portugal está divida. Quando acabei o primeiro livro, e enquanto esperava que o segundo (e último) chegasse, fiquei sem nada para ler. É claro que isto não podia acontecer. Entrei numa Fnac e iniciei a minha busca. Acabei por esbarrar em A insustentável leveza do ser por acaso, e não fosse o meu pai a encorajar-me a comprá-lo, não sei se o tinha trazido. Ainda bem que o fiz.

 

A insustentável leveza do ser é uma obra complexa publicada pela primeira vez em 1984. A nível de narrativa e história, podemos dividir a obra em 4 momentos diferentes. Tomas, Tereza, Sabina e Franz. Estes são os protagonistas que ao longo das 7 partes do livro vamos conhecendo. Para além do cão Karenine, que na verdade, é uma cadela. Mas isso é outra história. Ao ler esta obra é importante estar familiarizado com o contexto, que foi algo que tive de investigar.

A história passa-se em Praga no século XX, na altura das invasões russas à Tchecoslováquia, pelo que é obviamente marcada pelas tensões que daí advieram. Então, como pano de fundo temos a Primavera de Praga, um período de liberalização política na Tchecoslováquia durante a época do domínio pela União Soviética após a Segunda Guerra Mundial. É neste contexto que vamos conhecendo os amores, desamores, dramas, e dúvidas existenciais dos 4 personagens.

Todas estas personagens estão ligadas de certa forma: Tomas é marido de Tereza, mas tem como amante Sabina, também amante de Franz. Ao longo da obra vamos vendo como os enredos se vão cruzando e entrelaçando.

É claro que este livro não tem a ver com a história propriamente dita, mas sim com o que esta transmite: uma mensagem filosófica e política poderosa.

Vocês sabem que eu sou uma estudante de literatura e não de filosofia, mas estou todos os dias num ambiente académico onde as reflexões filosóficas predominam, não estudasse eu em Letras. Lá, é sempre explorada a vertente filosófica de tudo, inclusive das obras com que trabalhamos todos os dias, embora como é óbvio não seja esse o nosso foco.

Quando comecei a ler o livro, estava logo lá nas primeiras páginas o meu filósofo preferido: Nietzsche com o seu “eterno retorno”. Como podem adivinhar, a perspetiva existencialista acaba por dominar o texto. Também Parménides está presente com a sua famosa teoria. É daí que vem o título. Parménides via o mundo, e por isso o ser, como pares opostos: luz/escuridão, calor/frio, positivo/negativo, ser/não ser, peso/leveza. Curiosamente (ou não), os personagens acabam por personificar isto, sendo pares opostos uns dos outros.

 O livro é sobretudo uma reflexão sobre o significado da vida, abordando sentimentos e pensamentos que todos já tivemos, refletindo ainda sobre um tema que muito me interessa: amor real vs amor idealizado, e outro que muito me comove, não fosse eu uma vegetariana: o carinho (ou falta dele) pela vida animal, já para não falar do dilema corpo/alma que domina uma grande parte da narrativa.

Não sei bem se este é um livro que qualquer pessoa possa gostar. Aliás, não é esse o problema. O problema para mim, é que não seja um livro facilmente entendido por qualquer pessoa. Porém, é um livro que aconselharia. Definitivamente. Especialmente se se interessar por livros com significado, ou por filosofia, ou simplesmente por bons livros.

Idioma de leitura: Português

 

1 comentário

Comentar post

Mais sobre a Sofia

Estudante de Letras. Romântica Incurável. Perdida algures num sonho. Apaixonada por livros, chá, contos de fadas, tragédias e chuva. Entre Flores & Estrelas.

Subscrever por e-mail

A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.

Arquivo

  1. 2021
  2. J
  3. F
  4. M
  5. A
  6. M
  7. J
  8. J
  9. A
  10. S
  11. O
  12. N
  13. D
  14. 2020
  15. J
  16. F
  17. M
  18. A
  19. M
  20. J
  21. J
  22. A
  23. S
  24. O
  25. N
  26. D
  27. 2019
  28. J
  29. F
  30. M
  31. A
  32. M
  33. J
  34. J
  35. A
  36. S
  37. O
  38. N
  39. D
  40. 2018
  41. J
  42. F
  43. M
  44. A
  45. M
  46. J
  47. J
  48. A
  49. S
  50. O
  51. N
  52. D
  53. 2017
  54. J
  55. F
  56. M
  57. A
  58. M
  59. J
  60. J
  61. A
  62. S
  63. O
  64. N
  65. D
Em destaque no SAPO Blogs
pub