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A Outra Menina Bennet

A Outra Menina Bennet

08
Jul19

“A Morte em Veneza”, Thomas Mann

Sofia

“Não há nada mais estranho e mais melindroso do que a relação entre duas pessoas que apenas se conhecessem de vista, que diariamente e a toda a hora se encontram, se observam e que, por questões sociais ou mero capricho são obrigadas a manter a aparência de mutua indiferença”  

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A Morte em Veneza é um daqueles clássicos que toda a gente conhece. Às vezes, existem certos livros que ‘conhecemos’ tão bem, por estarem de tal forma enraizados na nossa cultura, que nem nos lembramos de os ler. Até nos depararmos por aí com eles e nos questionarmos (e repreendermos) por não nos termos lembrado de os ler antes. E é esta a minha história com A Morte em Veneza.  

 

A Morte em Veneza narra a história de um escritor em férias em Veneza que conhece um adolescente de uma beleza singular e desenvolve por ele uma afeição. A partir daí, a obra narra a obsessão do escritor Aschenbach pelo jovem Tadzio à medida que a peste avança pela cidade. 

Se seguem o blog sabem que eu adoro plots românticos. E também sabem que eu adoro obras filosóficas. Este livro, ao contrário da crença comum, aproxima-se mais de uma obra filosófica do que de um romance. De facto, tenho sérias dúvidas sobre até que ponto podemos considerar esta obra um romance per se.  

A importância da arte, por sua vez, é evidente. Para ser honesta, para mim, esta é uma obra que reflete acerca da arte. Todavia, não nego que, do ponto de vista romântico, a obra é lindíssima. Acho que é mais frequente do que o que pensamos, ficarmos fascinados por pessoas que só vemos aqui e ali. Que fazem parte da nossa vida não fazendo. Há toda aquela aura de impossibilidade sobre a qual Proust tão bem falou que possibilita que este tipo de fascínio atinja proporções extraordinárias. Às vezes apaixonamo-nos por pessoas desta forma: platonicamente. Na minha opinião, isso não diminui o sentimento. Para mim, até o enaltece, porque não há nada mais poético do que algo que nunca se realiza. 

Destaco assim a importância do conceito de amor platónico, como exposto por Platão em, por exemplo Banquete, e, claro, de Nieztsche (cf. The Birth of Tragedy, p.e). 

Também não posso deixar de mencionar o popular filme de Visconti. Duvido seriamente que alguém não o tenha visto; deve ser dos filmes mais falados e vistos de sempre. Com toda a honestidade, não acho uma coisa tão extraordinária assim, mas como o cinema não é a minha área, não vou fazer considerações. Contudo, a fotografia do filme é definitivamente lindíssima. Ademais, em termos de adaptação literária, está muito bom. O que, devido ao tamanho da obra, também não é tão dificil como isso. De facto, o surpreendente é que haja livro para mais de 2 horas de filme. 

Por fim, deixo-vos com uma viva recomendação da obra. Ainda por cima, não chega a ter 100 páginas. Lê-se muito rápido. E é uma obra tão poética e filosófica. É muito bonita mesmo. E dá que pensar. Não é só sobre o amor, sabem. Como disse, as pessoas gostam de associar a obra apenas ao amor platónico. Mas é tudo sobre a arte. Até o amor. E por isso, na minha opinião, A Morte em Veneza relaciona-se mais com a arte e com o artista do que com o amor e o apaixonado ou o amado. E vocês? Já leram? Qual é a vossa opinião? 

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Mais sobre a Sofia

Estudante de Letras. Romântica Incurável. Perdida algures num sonho. Apaixonada por livros, chá, contos de fadas, tragédias e chuva. Entre Flores & Estrelas.

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