“A Tempestade”, William Shakespeare
O que é passado, é prólogo.
Se costumam acompanhar o blog, já certamente notaram que gosto muito da obra de Shakespeare. Deve certamente ser o autor que mais repito aqui no blog. Aqui e ali vou-me lembrando e vou lendo mais uma peça e nunca deixo de me surpreender por ainda não ter não ter esgotado as opções! Ainda há não muitas semanas escrevi-vos sobre Otelo, agora a minha escolha foi A Tempestade.
A Tempestade (1611) conta em cinco atos a história de como Prospero, duque de Milão, consegue, após 12 anos de isolamento provocado pelo seu irmão que lhe usurpara a posição e poder, vingar esses acontecimentos passados que levaram à sua atual situação. A narrativa localiza-se numa ilha remota onde Prospero vivera os últimos anos na companhia da sua filha Miranda, do seu servo Caliban e de Ariel, um espírito. Quando descobre uma oportunidade, Prospero, recorrendo a manipulações e à ajuda de Ariel, provoca uma tempestade que conduz à ilha o seu irmão Antonio, o rei Alonso e Ferdinando, filho do último. Na ilha, as verdadeiras intenções e ações passadas são reveladas através dos planos e maquinações de Prospero (auxiliado por Ariel) e a ordem anterior é restabelecida. Além disso, Ferdinando e Miranda apaixonam-se e o seu casamento prontamente acertado afigura um novo futuro em que os poderes de Prospero são também reestabelecidos.
Seria absurdo tentar mencionar todas as linhas de interpretação conhecidas desta obra, assim como seria uma loucura enumerar todas as referências que suscitou no campo das artes e da cultura popular desde então e até à atualidade, o impacto que teve em outros autores e obras, ou as suas mais diversas adaptações. Acho que a peça é tão mencionada e está tão presente na cultura popular que, talvez por isso, não seja tão entusiasmante a vontade de a ler. Parece que já a conhecemos das mil e uma versões, referências e adaptações que suscitou ao longo dos últimos séculos.
Porém, essa é uma ideia errónea na qual penso que também eu estava imersa antes de finalmente ler a obra. Imensos aspetos me surpreenderam. À riqueza e poesia dos discursos, por exemplo, não me parece que seja feita justiça. Ao papel de Ariel e Caliban, também não (embora tenha descoberto que se fazem as mais diversas interpretações baseadas nas ações deles e na sua relação com Prospero). Também acho que estava à espera de algo mais romântico e, a importância que a magia e a ilusão têm na trama certamente não foi algo que tivesse previsto, mas foi um dos aspetos que achei mais cativantes e encantadores. E podia continuar esta lista durante mais algum tempo, mas não me parece que acrescente algo e, como penso genuinamente que devem ler esta obra, não vou estragar com spoilers.
A Tempestade é provavelmente uma das obras mais populares e mais lidas de Shakespeare. Confesso-me um pouco embaraçada por ter sido uma das últimas que li! Se tiverem oportunidade de ler e se se interessarem por este autor ou por este tipo de obra, não deixem de ler A Tempestade. Além de muito importante e influente na cultura popular, é francamente um gosto lê-la. Já o fizeram? Qual é a vossa peça ou soneto preferido de Shakespeare?