“Ariel”, Sylvia Plath
“Herr God, Herr Lucifer
Beware
Beware.Out of the ash
I rise with my red hair
And I eat men like air.”
Sylvia Plath é uma das minhas poetisas preferidas. Há uns tempos fiz a review de uma coleção da chamada “poesia moderna”, que se leram, sabem como me desagradou. A seguir a essa terrível experiência decidi que precisa de ler “poesia a sério”. Nem que fosse para me convencer de que não estava errada em achar a “nova poesia” detestável. Lembrei-me logo de Sylvia Plath porque também ela foi uma senhora e, antes de todas estas novas “poetisas”, ela já tinha escrito "a sério" sobre os mesmos temas. Escolhi a coleção Ariel por ter sido publicada postumamente.
Ariel enquanto coleção não segue uma narrativa específica e, como tal, é impossível resumir. Os temas principais dos poemas estão muito relacionados com a vida da mulher, com a maternidade e com a emancipação. Também existem alguns poemas com temática romântica. O mito da mulher enquanto feiticeira, enquanto mágica, aparece em alguns poemas – como podem ver pelo excerto que escolhi –, o que foi algo que me surpreendeu (pela positiva).
Depois de ler uma coisa destas nem sequer consigo conceber que hoje em dia se produza e consuma o tipo de poesia que se está a produzir e consumir. É de loucos, juro-vos.
Ariel é uma coleção maravilhosa e penso que através dela dá para perceber o quão difícil tudo era para a sua autora. A maioria dos poemas grita desespero. Lembro-me de ler alguns e pensar: “caramba, isto é lindo”. O que eu queria dizer era na verdade “triste”. É tudo tão trágico, mas ao mesmo tempo tão belo e ingénuo. É contraditório por vezes.
A minha história com Sylvia Plath começou pela sua biografia, a qual não vou explorar porque, para além de conhecida, é muito triste. Quando era mais nova lembro-me de ter lido The Bell Jar e de ter achado esta obra uma coisa espantosa. Transmitia tanta coisa, entendem? É bela porque é trágica e, ao mesmo tempo, é de certo modo claustrofóbica. Quando comecei a ler os poemas de Plath, percebi logo que toda a sua arte era assim. Um reflexo.
Bem, o meu poema preferido de Sylvia Plath era (e contínua a ser) “Mad Girl’s Love Song” que, infelizmente, não está presente nesta coleção, mas o qual vos aconselho a ler de qualquer forma. De Ariel destaco sobretudo “Lady Lazarus” (a fonte do excerto que está no início do post) que sinceramente é um dos poemas mais feministas e poderosos que já li e, eu que nem sou muito dessas coisas, arrepiei-me! Além desse, recomendo “Daddy” que, na sua tristeza se torna sublime, “Fever 103” (lindo lindo lindo) e “The Rival”, um poema de amor super mimoso e singelo, muito belo. Se puderem, leiam pelo menos estes poemas! Não se vão arrepender.
Quanto a Ariel é impossível não recomendar! É uma das coleções de poesia que mais gostei de ler. Além disso, é mega pequena. Não chega a 100 páginas. Se quiserem e puderem, leiam em inglês. A poesia é sempre melhor quando a lemos no original. Porém, sei que esta coleção está traduzida, se preferirem. Recomendo muito!
Idioma de leitura: Inglês
4/5