“As Crónica de Gelo e Fogo”, George R.R. Martin
“Um leitor vive mil vidas antes de morrer. O homem que nunca lê vive apenas uma.”
A minha ausência de quase um mês traduz-se de forma simples. Para além de todos os trabalhos que tive de elaborar no âmbito do mestrado, e de todos os livros que tive de ler para o mesmo, estive dedicada à leitura desta saga de George R.R. Martin.
Tenho de começar por dizer que li esta saga porque me viciei na série. A irónica verdade é que só comecei a ver a série no verão passado. E só o fz porque estava literalmente farta de toda a gente falar sobre isto e não saber nada acerca do assunto. Sentia-me inculta. Quando começei a ver, entendi o porquê de toda a gente gostar desta história. Despachei 5 temporadas numa questão de poucas semanas. É claro que como leitora ávida, e sabendo que por detrás de tão maravilhosa série estava uma saga de livros, tive logo vontade de a ler, porém só iniciei tal projeto este ano.
Na faculdade, em duas das cadeiras que tive durante a licenciatura falámos bastante sobre esta série, então isso só aumentou a minha vontade de ler os livros. Até porque todos sabemos que as adaptações cinematográficas e/ou televisivas nunca são fiéis aos livros na sua origem.
Em Portugal, os volumes da saga estão divididos em dois, pelo que existem 10 livros ao invés dos 5 em inglês. Existe também uma coleção linda, que é a que eu tenho e que podem ver na imagem em cima, que consiste em vinte livros mais pequenos, resultantes da divisão dos 10 volumes em português.
As Crónicas de Gelo e Fogo são uma saga de fantasia, pelos vistos bastante popular, escrita por George R.R. Martin que contam a história dos Sete Reinos de Westeros, na idade média. Há três argumentos principais: a luta entre as famílias importantes de Westeros pela conquista do Trono de Ferro e por conseguinte do Reino, a ameaça de criaturas sobrenaturais – conhecidas como os Outros -, e a ascensão de dragões.
Embora muitos não saibam, a verdade é que estas Crónicas são baseadas em diversos factos reais que tiveram lugar na Idade Média. A própria Guerra dos Tronos é baseada na Guerra das Rosas que tal como na série, envolveu uma disputa entre duas famílias importantes da época: enquanto na saga temos Stark Vs Lanister, na vida real tivemos York Vs Lancaster. A famosa Muralha que protege Westeros dos Selvagens e dos Outros é inspirada na Muralha de Hadrian, perto da fronteira entre Inglaterra e Escócia, construída durante o Império Romano para impedir as invasões dos bárbaros (escoceses). O Casamento Vermelho que decorre na série e livros, e que na minha opinião é um dos pontos altos de toda a saga, foi também inspirado em algo que realmente aconteceu – o Black Dinner que teve lugar na Escócia em 1440. Para além disto, personagens como Cersei, Theon, Joffrey e até Daenerys foram baseados em personagens históricas, a religião devota ao Senhor da Luz é baseada no Zoroastrismo, e o feito de Tyrion com o fogo vivo também não é original, tal substância existiu mesmo, chamava-se “fogo grego” e era, pasme-se usado em batalhas navais, tal como acontece na saga, na Batalha da Água Negra.
Para além de uma “reinvenção” da história, esta saga contém muita magia. Desde os Outros até aos dragões de Daenerys, a fantasia reina. É uma mescla muito bem-sucedida, a meu ver, entre fantasia e realidade.
A verdade é que fazer uma saga desta qualidade não é para todos. Tal como já demonstrei, escrever esta saga implicou, decerto, imensa pesquisa histórica e muito conhecimento. Mas sobretudo, toneladas de talento, imaginação e dedicação. Não vou mentir, a saga é muito longa, os livros são pesados, se não estivermos com atenção perdemos o fio à meada, e as personagens são muitas o que não ajuda a manter uma linha de pensamento fácil de seguir. No entanto, prende-nos desde a primeira página. Tornou-se sem dúvida a minha segunda série de fantasia preferida. Porque ninguém ultrapassa J.K.Rowling e o seu Harry Potter. Só há um senão: o facto de Martin ter deixado a saga no quinto livro, e não haver uma previsão de lançamento de “Winds of Winter”, o sexto volume da saga, é muito desmotivador. Porém a menina esperançada em mim quer crer que está para breve. Verdade seja dita, não me vou comprometer recomendando uma saga estagnada no tempo sem previsão de avanço. Mas isso não retira todo o mérito que a saga tem. Que é muito. Muito mesmo.
Idioma de leitura: Português