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A Outra Menina Bennet

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12
Out20

As Mil e Uma Noites

Sofia

Que espantoso este pássaro, ontem voava ao mesmo passo com que eu corria, e hoje que estou cansado, voa ao passo lento com que caminho. Que coisa espantosa!

As Mil e Uma Noites - Livro - WOOK

As Mil e Uma Noites é uma daquelas obras que sempre quis ler, mas que nunca lia. Essencialmente desculpava-me com três razões: era muito grande, não havia tradução, já sabia do que tratava (pensava eu!). A questão resolveu-se com a nova tradução portuguesa que chegou recentemente em três volumes. Comecei a ler o primeiro no início do ano e acabei de ler o último na semana que passou.

 

As Mil e Uma Noites colecionam as histórias que Xerazade contava todas as noites ao seu esposo, o rei Xariar. O hábito começa na primeira noite que passaram juntos. Ciente de que o rei tinha por hábito assassinar as suas esposas após a primeira noite, Xerazade começou a tradição de lhe contar histórias e interromper-se antes da manhã chegar como forma de manter a curiosidade do rei aguçada o suficiente para que ele a poupasse mais um dia. Os contos que ela lhe conta são diversos (mas não são mil e um!).

Não sei bem o que esperava quando comecei a ler As Mil e Uma Noites, mas certamente não foi o que obtive. O que não quer dizer que não tenha gostado ou que tenha ficado desiludida, muito pelo contrário. A tradução portuguesa atual foi elaborada a partir dos manuscritos mais antigos, o que é um ponto muito favorável porque nos mostra uma obra mais autêntica e menos apropriada. O problema é que a maior parte do que sabemos sobra obra é a partir da cultura popular e relaciona-se muito pouco com essa autenticidade e muito mais com apropriações e acrescentos ocidentais. Por exemplo, algo que me desiludiu inicialmente, sabiam que “Aladim” não faz parte destes manuscritos mais antigos? Terá sido um acrescento à obra quando ela chegou ao Ocidente e se tornou popular.

Muitas vezes quando lemos este tipo de obra, pelo menos no meu caso, gostamos muito de olhar a vertente cultural e perceber como as coisas eram em determinada época e em determinado local. O quão diferente da nossa cultura ocidental era esta cultura! Não só a nível religioso, mas a nível das coisas mais simples, como a comida, o tratamento social, o modo de viajar, etc. Observar estas diferenças foi a minha parte preferida desta leitura. Até porque não me recordo de ter lido sobre esta cultura, a nível de literatura, antes e muito menos em relação a um período tão longínquo em comparação com o nosso.

Nesse âmbito gostava também de notar o quanto gostei desta edição. Não sei dizer se é ou não uma tradução boa ou fiel porque não tenho conhecimentos para isso, mas sei dizer que valorizei muito as notas de rodapé explicativas, o posfácio e, sobretudo, o prefácio. Ajudaram-me imenso porque, lá está, diversos aspetos culturais eu não conhecia e foi muito interessante ficar a conhecer. Isso e o contexto histórico da obra, a sua evolução e a sua receção no ocidente. Também foi muito importante porque me explicou a razão pela qual eu não encontrava ali histórias que pensei que ia encontrar, como é o caso de “Ali Babá e os Quarenta Ladrões” ou “Aladim”. Também fiquei muito fascinada com todos os mistérios que rodeiam a composição da obra: o autor ou autores, que histórias são originais e quais foram sendo acrescentadas, terão algumas sido perdidas, como foram transmitidas, etc. Se lerem esta obra, não sejam uma daquelas pessoas que nunca leem introduções, prefácios ou posfácios! Foram muito importantes para mim e para o meu melhor entendimento de uma variedade significativa de aspetos pertinentes à melhor compreensão da obra.

Além disso, acrescentava que, apesar dos seus três volumes poderem parecer assustadores e tão dissuasores como certo dia foram para mim, As Mil e Uma Noites leem-se muito bem e muito rápido. Era outras das preconceções erradas que tinha em relação a esta obra que tanto me cativou. Já tiveram oportunidade de ler? Qual é a vossa opinião sobre As Mil e Uma Noites?

 

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Mais sobre a Sofia

Estudante de Letras. Romântica Incurável. Perdida algures num sonho. Apaixonada por livros, chá, contos de fadas, tragédias e chuva. Entre Flores & Estrelas.

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