“Crime no Campo de Golfe”, Agatha Christie
O homem não é um animal original. Não é original dentro da lei que regula a sua respeitável vida, não é igualmente original para além dessa lei. Se um homem comete um crime, qualquer outro crime que ele cometa parecer-se-á muito ao primeiro.
Crime no Campo de Golfe foi publicado pela primeira vez em 1923 e, como muitas outras obras de Agatha Christie é uma obra sobre um misterioso crime investigado por Hercule Poirot.
A história começa com uma mensagem que Poirot recebe de Paul Renauld, um milionário a viver numa Villa no norte de França. Renauld crê-se em perigo e pede que Poirot se desloque até sua casa para investigar o caso. Assim, Poirot segue para França com o seu amigo Hastings (que surge antes no livro The Mysterious Affair at Styles). Todavia, assim que lá chegam recebem a notícia de que Renault foi entretanto assassinado. Toda a narrativa se dedica à descoberta do seu assassino.
A história conta com diversas narrativas paralelas. Por exemplo, é abordado um crime cometido anos antes que se entrelaça agora com este, existe uma investigação da polícia local liderada por Giraud — que surge como rival de Poirot —, e ainda um interesse romântico de Hastings. As personagens são igualmente variadas e a forma como se entrelaçam com o crime diversas.
Se há uma coisa que aprendi a apreciar nestas obras de Agatha Christie é a originalidade dentro de algo fixo. Isto é, existe obviamente uma fórmula que se repete de obra para obra e que faz parecer que todas as obras são iguais umas às outras; sabemos sempre o que vamos encontrar. Todavia, dentro dessa fórmula fixa existe uma originalidade assinalável. É, em minha opinião, prodigioso que se consiga fazer a mesma coisa tantas vezes e sempre de forma diferente.
Além disso, nestas leituras está sempre presente na mente do leitor que alguma reviravolta está prestes a acontecer, mas o extraordinário é que a maior parte das vezes, não obstante sabermos que vem aí algo que vai mudar o rumo da história, ficamos sempre surpreendidas quanto ao que acontece e quando e como acontece.
Outro aspeto que acho notável é o facto de, apesar de tudo parecer irreal e, por vezes, inverosímil, o que é verdade é que, naquele contexto, faz todo o sentido. A única surpresa é não nos termos apercebido que tal aconteceria. Muito gostava de saber como a autora construía estas obras. Será que sabia o fim desde início e só ia tomando diversos rumos até lá, ou será que ia definindo o fim a partir dos rumos que ia tomando?
Ao ler especificamente Crime no Campo de Golfe fiquei surpreendida com duas coisas. A meio da história já estava satisfeita a pensar que tinha descoberto parte do mistério e, de facto, quando o que tinha pensado se verificou verdadeiro, confesso que senti algum desapontamento. Todavia, mesmo na transição do penúltimo capítulo para o último, houve uma tal revolução que nem queria acreditar. Pensei logo que era algo impossível de ser plausivelmente explicável. Claro que estava enganada e ainda bem!
Estas obras de Agatha Christie são, para mim, muitas vezes um intervalo entre outro tipo de leituras e aprendi a gostar muito delas. São obras que se leem-se sempre tão bem e são tão cativantes que penso que até para pessoas que não costumam ler tanto obras deste género, como é o meu caso, são extremamente apelativas.
Crime no Campo de Golfe está traduzido em Portugal se tiverem interesse em ler e preferirem a versão em português. Como as outras obras da autora, encontram com facilidade à venda, tanto a versão em português como a versão em inglês.
Costumam ler obras de Agatha Christie? Têm uma preferida?