“Fausto”, Goethe
Um homem vê no mundo aquilo que traz no coração.
Fausto é considerada uma das mais importantes obras literárias alemãs. É uma tragédia em duas partes e a sua composição ocupou grande parte da vida de Goethe. A primeira parte da obra foi publicada em 1808 e, mais tarde, em 1832, foi publicada uma segunda parte da obra em cinco atos.
A obra narra a história de Fausto, um erudito, que, numa busca por conhecimento e, desapontado com as limitações humanas, faz um pacto com o diabo. Este pacto assegura que o demónio – Mefistófeles - fará o que Fausto entender se, em troca, Fausto se comprometer a servi-lo no inferno. A primeira parte da obra passa-se numa dimensão terrena e acompanha também a relação de Fausto com Margarida, uma jovem que Fausto consegue seduzir com a ajuda de Mefistófeles. Uma relação que não tem um final feliz. A segunda parte da obra tem claramente um foco e objetivos diferentes. Contém diversas referências à cultura clássica, à mitologia e trata alegoricamente de temas mais políticos, socias e culturais. Inclui fadas, bruxas e o Paraíso, por exemplo.
A história de Fausto deve ser uma das mais conhecidas. Mesmo quem nunca leu a obra de Goethe sabe a história que ela narra e isso deve-se à importância que a obra foi adquirindo ao longo do tempo e a influência que teve na cultura popular. Não obstante, ler a obra é uma experiência muito rica, inclusive considerando aquilo que representa não só estética e culturalmente, mas no âmbito da história da literatura e das ideias.
Com efeito, creio que esta obra é muito exemplificativa da época em que surge. Na altura em que Goethe começou a escrever Fausto (em 1775 foi concluída uma primeira versão e em 1832 foi publicada uma versão definitiva), vivia-se o iluminismo e, logo em seguida, o romantismo, dois dos movimentos mais importantes de sempre. Realmente, nesta obra podemos observar a influência de ambos. Por um lado, notamos a importância e a preocupação com o conhecimento e com a sua aquisição, sobretudo na primeira parte e, simultaneamente, notamos traços românticos no tom da obra, no relacionamento de Fausto com Margarida e em toda a temática e estética da segunda parte. Considerando que a primeira parte foi composta e concluída quando o iluminismo se aproximava do "fim" e a segunda quando o romantismo estava no seu apogeu, não é surpreendente que assim seja.
Pessoalmente tendo a considerar a primeira parte mais cativante, o que relaciono com o enredo em concreto. Penso que a segunda parte, até por todas as alusões que contém, é mais complexa e específica.
A minha versão desta obra é a que partilhei no inicio do post e, no geral, gostei dela. Tem uma introdução muito esclarecedora e, no final, tem uma cena não publicada da primeira parta da tragédia e uma versão comumente conhecida como “Urfaust”, uma espécie de primeiro esboço da primeira parte da obra. É uma tradução em inglês, mas, como infelizmente não conseguiria ler o original em alemão, entre ler uma tradução, optei por esta. Também é uma edição que se encontra com muita facilidade e que é muito acessível. No entanto, se tiverem interesse em ler Fausto, existem diversas traduções em português que também se encontram com bastante facilidade.
Já tiveram oportunidade de ler Fausto? O que pensam desta obra?