“Júlio César”, William Shakespeare
“Et tu, Brute?”
Com já vos tinha dito há umas semanas, há uns tempo apeteceu-me voltar a Shakespeare e decidi comprar alguns livros do autor que ainda não tinha lido. Se há umas semanas, vos vim falar de Como vos Aprouver, desta vez trago-vos Julius Caeser.
Julius Caeser é uma peça histórica inspirada na morte do imperador romano Júlio César às mãos dos senadores mais próximos, entre os quais se destacaram Cassius e Brutus, principais instigadores do complô. Como sabem, depois da morte do Imperador, seguiu-se uma guerra civil e sucedeu-lhe o sobrinho Octaviano, Augusto, o primeiro Imperador a adotar para si o título de “César”. Mas esse já não é um assunto para esta peça.
Com toda a franqueza, não posso dizer que gostei tanto desta peça como gostei de Como vos Aprouver ou como de outras peças de Shakespeare. Porém, sei que isso tem a ver com o fator envolvimento e, para ser sincera, com a ausência de motivos de cariz romântico. Porque em termos de audácia, estética, estrutura e motivo, a peça é tão genial como qualquer outra de Shakespeare.
Sabem que, é desta peça que deriva a famosa citação “a culpa não é das estrelas” que até deu nome a um popular livro Young Novel da autoria de John Green. Só que essa é uma subversão da citação shakesperiana. Aqui, essa frase é proferida por Cassius e dirigida a Brutus e reza, na verdade, da seguinte forma: “A culpa, meu caro Brutus, não é das estrelas, mas nossa, que somos seus inferiores”. A frase é proferida no primeiro ato da peça quando Cassius tenta convencer Brutus de que Julius Caesar não pode ter poder em Roma, porque isso não iria de encontro aos principais interesses dos súbditos e, por conseguinte, do Império. A citação é, de resto, uma das minhas preferidas em toda a obra shakesperiana e uma que costumo citar com bastante frequência, até na ‘vida real’. Porque vamos ser honestos, não é completamente verdadeira e humana? Shakespeare explicou mesmo a humanidade. Acho que foi isso que fez dele o que ele é hoje e tudo o que ele representa.
Esse retrato perfeito da humanidade também está, claro, presente aqui. Uma coisa de que gostei foi o retrato pintado dos senadores que traíram Caesar. A motivação principal que eles tinham era pensarem que Caesar não servia os interesses do Império e, como tal, teria de ser retirado à força. Está claro que esta me parece uma visão altamente romanceada, porém, ainda assim é uma visão bonita. Mais bonito ainda é o dilema de Brutus. Por um lado, ama e é leal a Caesar, mas por outro, jurou servir um Império, então em que ficamos? ‘Et tu, Brutus?’
Enfim. Julius Caeser tem sido muitas vezes considerada uma das melhores peças históricas do autor. Com honestidade, não tenho a certeza disso, mas um dia hei-de saber dizer!
Por agora, apenas ‘gostei’. E é claro que sendo Shakespeare é sempre de recomendar a leitura. Até porque sendo uma peça de cariz histórico, é sempre bom e útil. Afinal, mesmo que romanceado, o que ali está aconteceu. E nem todos gostam de ler grandes livros de História.
Idioma de Leitura: Inglês
3,5/5