"O Amor nos Tempos de Cólera", Gabriel García Márquez
"O único arrependimento que eu vou ter de morrer é se não for por amor"
Tenho de dizer que já estava de olho neste livro há muito tempo. Na faculdade vi a adaptação cinematográfica numa aula de espanhol e apaixonei-me pela história. Soube desde aí que tinha de ler O Amor nos Tempos de Cólera. Estou feliz de não ter demorado 51 anos, 9 meses e 4 dias (vão perceber mais adiante) mas apenas 3 anos em comprá-lo e finalmente lê-lo. Que decisão tão acertada.
O Amor nos Tempos de Cólera conta a história de amor de Florentino e Fermina. Ainda jovens, inicia-se entre eles uma correspondência de “namoradinhos” e a ilusão de um futuro compromisso. Isto vai contra os objectivos do pai de Fermina, que logo trata de os separar. Anos depois, Fermina vê Florentino e apercebe-se de que tudo o que se estava a passar entre eles era um erro e uma imaturidade, irreal. Coloca um fim no affair mas não no amor de Florentino. Acaba por casar com o ilustre doutor Urbino, por quem não está apaixonada, mas com o qual vive um casamento feliz. Entretanto Florentino dedica a sua vida a fazer fortuna e tornar-se digno de Fermina. Tudo o que ele faz, faz por ela. Ele vive por ela. Nunca casa, nunca se deixa apaixonar apesar das imensas amantes que vai tendo, nunca se permite estar numa relação. Dedica toda a sua vida à espera do dia em que o marido de Fermina morra, e ele possa ter uma segunda hipótese. O que acaba por acontecer. Urbino morre e Florentino, após 51 anos, 9 meses e 4 dias de espera, reitera os seus votos de amor a Fermina. A princípio esta não os aceita bem, mas com o tempo vão-se conhecendo e aproximando, criando as bases para um relacionamento mais maduro.
Gostaria de fazer um pequeno aparte para referir que não gostei nem um pouco da personagem feminina Fermina. Desde o início do livro que me pareceu uma pessoa supérflua, prepotente e estupidamente indecisa e infantil. Alimentou uma história de amor por capricho, casou só porque sim, e no final ainda “ficou” com o homem que desprezou desde o início. Pobre Florentino. Merecia melhor. Mas suponho que as histórias de amor são mesmo assim.
Uma palavra para a personagem América: ingénua, infantil, imatura, mas bem-intencionada. Acredito que amava mesmo Florentino e o seu "fim" fez-me sentir compreendida. Acredito que foi a personagem mais apaixonada da história apesar de tão irrelevante no contexto geral. Merecia melhor.
Uma última observação para o facto de todo o romance assentar na troca de correspondência – cartas de amor. Porque é que isto já não acontece?