“O Banquete”, Platão
“O amor não tem uma natureza simples, bela ou feia em si mesma: é belo, se realizado com beleza, e feio, se realizado com vileza.”
Exatamente! Hoje venho falar-vos de outro livro que já queria (e devia) ter lido há séculos e ainda não o tinha feito. Neste caso nem sei bem porquê. É um livro pequenino e nada dispendioso. Apesar de ser muito denso e, na minha opinião, impossível de se entender na totalidade logo de caras. No entanto, até devido à importância em relação à minha área - a literatura -, não sei como ainda não me tinha lembrado de o ler. Provavelmente tem a ver com o facto de todos nós conhecermos mais ou menos o que se passa aqui?
Escrito por volta de 380 a.c, O Banquete é um diálogo com diversos discursos acerca do amor. A obra remete para um banquete, um festim, em que justamente se teria proposto a cada um dos presentes realizar um discurso em relação ao amor.
Não preciso mesmo de dizer que a minha parte preferida, ou melhor, o meu discurso preferido foi o de Aristófanes. De resto, é aquele que todos nós já conhecemos mesmo sem ler a obra, não é? O mito da unidade primitiva. A maneira em como fomos castigados pelos Deuses devido à nossa arrogância e condenados a procurar a nossa outra metade. Não sei até que ponto reflete algo já que não nos podemos esquecer que Aristófanes era um poeta de comédia. Porém, que é bonito de se pensar, acho que qualquer um concorda.
Curiosamente, aquele que menos cativou a minha atenção foi o último discurso, o de Sócrates. Se calhar devido ao facto de ser o menos “literário” ou “poético” e o mais complexo ou “racional”. Pelo menos, foi exatamente isso que me pareceu. Contudo, é do discurso dele que vêm a noção de amor que eu aceito, isto é, aquela que eu acho ser a verdadeira. Aqui, refiro-me ao conceito de amor enquanto “amor de algo” e associado a um desejo. Ou seja, o amor enquanto sentimento por algo, alguém, que é desejado - porque não o temos -, por algo que nos falta. Algo que cessa quando passamos a tê-lo, não é? Porque “ninguém deseja aquilo de que já não precisa”.
Em cima, deixei-vos a citação que acabou por ser uma das minhas passagens preferidas devido ao facto de, para mim, ser uma síntese de tudo.
Tenho de dizer que, no geral, gostei realmente da obra no seu todo. Achei deveras interessante, até porque, apesar de o conceito de Amor Platónico estar muito difundido (então na literatura!), há imensas coisas que acabam por não passar. Então nunca é realmente demais!
É um bocadinho absurdo dizer-vos que recomendo esta leitura porque, quer dizer! Se já leram, deixem as vossas opiniões!
Idioma de Leitura: Português
4/5