“O Príncipe”, Maquiavel
“Todos veem aquilo que aparentas ser, poucos experienciam aquilo que realmente és”
Há um bom tempo que queria ler O Príncipe, mais devido “ao que diz” do que propriamente ao conteúdo, se é que me faço entender. Da mesma maneira, sempre quis ler algo de Maquiavel. A oportunidade nunca tinha surgido até recentemente me ter deparado com a obra totalmente ao acaso e ter dito para comigo mesma “porque não agora”?
Lançado no século XVI, O Príncipe descreve a forma de conquistar o poder e de o manter. Neste sentido, o livro não lança apenas teoria, mas demonstra-a com exemplos e contraexemplos da época do autor e das anteriores, projetando claramente um futuro.
“Os meios justificam os fins” veio daqui, embora não tenha sido propriamente escrita, tal como a ideia de que é melhor ser-se temido do que amado. Novidades, novidades. A verdade é que não acho nada disto chocante. É a maneira como as coisas são. Nós ligamos a televisão na hora das notícias e está tudo ali. A única diferença é que não é explícito. O poder sempre foi o principal objetivo do ser humano, na minha opinião. Porém, o indivíduo é tão moldado em relação ao que é o certo e o errado que às vezes isso fica mais escondido ou não se manifesta de igual modo em todos. Porém, nunca se vai embora. Queremos poder, ponto. Na minha modesta opinião, nem temos medo dos métodos, só temos medo das consequências dos mesmos caso não alcancemos o que desejamos.
Não me parece que o que esteja neste livro seja algo de novo. O que é novo é que tenha sido posto por escrito e da forma que foi, isto é, de forma absolutamente prática e crua. Eu não acho isso algo de negativo ou calculista. Acho apenas algo normal. Se se pode escrever de forma fria sobre ciência, porque não se pode escrever dessa mesma forma acerca da natureza humana? Porque é disso que se trata. Tudo que está escrito, está em relação direta com aquilo que é a natureza humana, com a sua sede de poder.
Sinceramente gostei da obra. Só fiquei desiludida pelo facto de não ser nada escandalosa. Fui conduzida a uma falsa esperança por tudo o que se dizia, pelo cunho do adjetivo “maquiavélico”. Francamente, não achei nada disto “maquiavélico” de todo.
Se como eu, tinham esperanças em relação a esta obra que se prendem com preconceitos sociais, desfaçam-nos antes de lerem a obra. Se não têm, ótimo! Leiam, é uma obra importantíssima. Sobretudo a nível de política. Explica mesmo muito, digo-vos. E sobre a natureza humana? Bem, a natureza humana já é bastante política em si mesma. Dito isto, recomendo-vos a leitura de O Príncipe, e gostava de ler as vossas opiniões sobre ela!
Idioma de Leitura: Português
3,5/5
