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A Outra Menina Bennet

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17
Mai21

“O Velho e o Mar”, Ernest Hemingway

Sofia

Mas o homem não é feito para a derrota (…). Um homem pode ser destruído mas não derrotado.

Old man and the sea, the - Livro - WOOK

O Velho e o Mar é uma das obras mais populares de Hemingway, tendo sido publicada em 1951 e vencido o Pulitzer em 1953. Foi a última grande obra do autor publicada durante a sua vida.

 

A história acompanha um velho pescador que está há meses sem conseguir apanhar um peixe, sendo agora considerado pelos pares como alvo de má sorte. Na história surge ainda um jovem, Manoli, que acompanha enquanto aprendiz o velho pescador. Isto até a má sorte atribuída ao seu mestre fazer com que os seus pais o proíbam de navegar com ele. Assim, a verdadeira história começa quando o velho pescador decide partir sozinho numa viagem que pensa poderá mudar a sua sorte. Nesta viagem, o velho pescador apanha um peixe tão enorme que a totalidade da obra é dedicada à luta travada pelo velho pescador para conseguir puxar o peixe para dentro do barco. Depois de dias e de lutas com tubarões atraídos pelo sangue do peixe, o velho pescador chega à costa acompanhado não pelo peixe, mas pelo que resta dele, impressionando agora os seus pares espantados com o tamanho do animal apanhado.

Esta obra foi, aquando da sua publicação, criticamente muito aclamada e teve uma popularidade quase instantânea. Foi, ademais, uma das menções aquando da atribuição do Nobel a Hemingway. Conseguimos entender porquê ao lermos esta obra. Para além daquilo que simboliza, é tão bela e terna que é quase impossível não ter qualquer efeito em nós.

Há sobretudo um aspeto que destacaria e que se prende com a relação que o velho pescador estabelece com o peixe que apanha e que tanta luta lhe dá. Refiro-me ao respeito que o pescador desenvolve pelo peixe e pela forma como ele se bate. A certo ponto, ele considera que o peixe é tão nobre, que ninguém é digno de se alimentar dele. Além disso, começa a pensá-lo como um irmão e a tratá-lo como a um semelhante. É como uma luta entre inimigos que se respeitam. Existem aspetos mais significativos na história, mas eu achei o modo como esta dinâmica foi abordada especialmente interessante.

O modo como toda esta luta e como o velho pescador luta para levar o peixe para casa, mesmo quando ele já não passa de espinhas, se identifica com o impulso de mostrar que ainda é capaz de grandes feitos é fascinante, pela dimensão humana que traduz. Todavia, pessoalmente, gostei mais de olhar o modo como o velho pescador associou a questão com um sonho. Por exemplo, quando os tubarões destroem o peixe, ele refere qualquer coisa como eles terem destruído o seu sonho. Mas a verdade é que nem isso o impede de lutar com os animais e regressar a casa com o peixe. Pelo sonho dele ou pela dignidade que atribuiu ao peixe é uma questão que não parece significativa, mas que me ocupou por um tempo.

Os elementos bíblicos nesta obra são diversos e expectáveis, mas durante a maior parte do tempo que dediquei a esta leitura, o que mais lembrava era Moby-Dick de Melville. Penso que essa semelhança é evidente a qualquer leitor das duas obras. Ainda assim não posso deixar de assinalar que a obra de Hemingway se acompanha com muito maior facilidade, o que também não surpreende ninguém.

Não é a obra de Hemingway de que mais gostei. Ainda assim, é inegável que é uma das mais importantes e elaboradas do autor. Já tiveram a oportunidade de ler? O que pensam de O Velho e o Mar?

 

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Mais sobre a Sofia

Estudante de Letras. Romântica Incurável. Perdida algures num sonho. Apaixonada por livros, chá, contos de fadas, tragédias e chuva. Entre Flores & Estrelas.

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