“Os Poemas Completos”, John Keats
“Tu dizes que amas, mas com um sorriso tão frio como o nascer de sol em setembro.”
Se acompanham o blog, repararam que há umas semanas partilhei uma review de uma coleção com os poemas de Y.B.Yeats. Na altura em que comprei essa coleção, comprei também a de Keats, Shelly, e Byron. A semana que passou terminei a leitura da coletânea com os poemas de Keats. Keats é um dos meus poetas românticos preferidos, e com tal foi com muito entusiasmo que comecei a ler esta coleção.
A coleção está organizada por datas e por tipo de poesia. A organização é adequada, na minha opinião. A coleção acaba por conter não só os poemas e sonetos do autor, mas todos os trabalhos do mesmo. Estes incluem inclusive poemas inacabados e atos dramáticos, para além dos trabalhos completos e publicados. Inclui até poemas que constavam em cartas do autor que não tinham sido produzidos para publicação. Em suma, achei uma coleção muito completa.
Eu sou uma fã incondicional do movimento do romantismo. E, a verdade é que, embora aprecie mais os trabalhos em prosa, também gosto imenso de poesia. No âmbito da poesia, como já vos disse, Keats é um dos meus poetas preferidos. Com a leitura desta coleção não fiquei nada dececionada. Gostei imenso da maioria dos poemas.
A exceção talvez seja os atos dramáticos. Só há um completo – "Endymion" – que na minha opinião, ainda não é tão bem conseguido como os outros trabalhos dele. Provavelmente tem a ver com o facto de ser o primeiro, e aparentemente o único ato dramático completo do autor. Aquando da publicação deste poema dramático, a sua recepção pela crítica e público foi tão desencorajadora para o autor que ele não completou mais nenhum. Embora, tenha começado a escrever. Nesta coleção, por exemplo há um outro ato dramático – "Hyperion" – que não foi completo pelo autor.
Quanto aos temas, são sobretudo revisitações de ideias e mitos da antiguidade clássica, e claro o tema mais recorrente é o amor. A beleza feminina e o culto de um ídolo, neste caso do objeto de paixão, também são algo que aparece com frequência na poesia de Keats.
O meu poema preferido de Keats é “You Say You Love”. Já o conhecia antes de o ter lido aqui, e fiquei toda satisfeita por o encontrar outra vez. É um poema lindíssimo, e recomendo muito que o leiam. Para lhe fazer justiça, é perfeito.
Concluindo, poesia é poesia, e poesia é sempre bom, por isso, não preciso mesmo de dizer mais, pois não? Leiam esta coleção de poemas de Keats! Para mim, a melhor coisa de ler poesia dos séculos anteriores é ver como era muito mais sentida e metódica do que o tipo de poesia que se produz hoje. Não estou a dizer que a poesia que hoje se publica não é boa. Deus me livre. Há poesia lindíssima hoje em dia. A questão é que já não há poesia que me tire o fôlego, que me deslumbre, pelo menos com a mesma intensidade da dos séculos anteriores. A poesia de Keats, por exemplo, é super meiga, bonita, singela, muito casta e cortês. Pelo menos, é essa a sensação que me dá. Sinto-me sempre uma princesa quando a leio, sinto sempre que ele está a escrever aquilo para mim, sabem? É estúpido, eu sei! Quando li a coleção de Yeats, deparei-me com um poema em que ele comparava Keats a um menino de colégio especado à frente da montra de uma loja de doces. Essa é literalmente a minha postura na vida. E, quando leio Keats, nunca deixo de pensar que entrei nessa loja. Entrei na loja de doces. Encontramo-nos por lá?
Idioma de leitura: Inglês
3/5