“Personae”, Ezra Pound
“If so we live and die not life but dreams,
Great God, grant life in dreams,
Not dalliance, but life!”
Se costumam seguir o blog sabem que é menos comum eu escrever aqui sobre poesia. Geralmente sou mais difícil de cativar em termos de poesia do que de prosa. Também é mais difícil que me consiga concentrar naquilo que estou a ler sob esta forma e, como consequência, torno-me mais seletiva. Mas também é verdade que quando leio poesia, acabo por gostar muito. Na semana que passou tive de ler uns poemas de Ezra Pound e, na verdade, gostei tanto, que acabei a ler esta coleção dele!
Personae (1909) reúne alguns dos primeiros poemas que Pound teria escrito. Uma outra versão foi publicada em 1926 com mais poemas e sob o título Personae: The Collected Poems of Ezra Pound. A versão que li e menciono aqui é, todavia, a mais curta e publicada em 1909.
Como é sabido, Ezra Pound foi incrivelmente importante na origem e disseminação dos movimentos literários Modernismo e Imagismo e, nesta coleção, que ainda que reflita o início da sua carreira, já podemos observar algo da relação com esses movimentos. E também alguma da influência de outros autores referidos pela critica na sua obra, como Yeats e Joyce. Além disso, é também notória uma relação com outras obras, movimentos e tradições. Destacaria referências literárias medievais e clássicas, nesse contexto.
Gostava de lembrar que, como quando vos escrevo sobre obras de interpretação filosófica, também quando escrevo sobre poesia não gosto de tecer o mesmo tipo de considerações que teceria em outros casos. Creio genuinamente que, a poesia, como a filosofia, suscita opiniões e interpretações variadas e muito próprias. Não que ache que a prosa não o faz, mas penso que concordamos que o faz de modo diferente. E, por isso, não acho tão adequado nem me sinto tão segura a tecer considerações sobre poesia ou filosofia nos mesmo moldes ou tom.
Portanto, gostaria apenas de e, sublinho, a título pessoal, referir três poemas em específico dos quais gostei particularmente: “Grace Before Song”, “In the Old Age of the Soul” e “Revolt: Against the Crepuscular Spirit in Modern Poetry”. Os versos que citei no início do post são deste último poema que é verdadeiramente lindissímo. É um dos poemas mais bonitos que li nos últimos tempos e, se puderem e quiserem, aconselho-vos a ler. Relembrou-me, mais do que qualquer outro poema da coleção, Yeats, um dos meus poetas preferidos.
Acho que houve poucas palavras que se repetissem mais nesta coleção do que “dreams” e suas variantes. A imagem e o imaginário levantado como consequência foi provavelmente o meu aspeto preferido.
No geral, gostei bastante de Personae. Tirando alguns poemas soltos aqui e ali, não tinha lido na integra nenhuma obra de Ezra Pound, pelo que a minha opinião aqui também é ingénua, mas não me pareceu um mau começo! Não creio que a obra esteja traduzida em português, mas se tiverem interesse e puderem ler em inglês, encontra-se com muita facilidade. Como vos disse, é uma obra muito pequena e, por isso, também acaba por se ler bem. Qual é a vossa opinião sobre o autor ou sobre a obra? Conhecem? Já leram? Gostam de ler poesia, ou preferem prosa?