“Poemas Selecionados”, W.B. Yeats
“Tudo o que é bonito deriva para longe como as ondas”
Estava de férias no Algarve, quando calhou ir a uma Fnac e me deparei com uma coisa maravilhosa! Imensos volumes de uma coleção de poesia publicada pela editora Wordsworth. Adoro poesia como sabem, mas sou incapaz de ler qualquer coisa. No que toca a poesia sou muito mais seletiva do que com prosa, por exemplo. Porém, esta coleção tem volumes dos melhores poetas de sempre, e a preço muito acessível. Comprei os volumes de poesia de Lord Byron, Shelly, Keats, e claro de Yeats, e no final só paguei cerca de 25 euros, acreditam? Quer dizer, são as versões em inglês, como é óbvio, mas ainda assim é muito barato! O primeiro que li foi o de Yeats, porque para vos ser sincera, gosto de guardar o melhor para o fim, e destes quatro, Yeats é o meu menos “preferido”.
Então este volume de poemas selecionados tem literalmente todos os poemas de Yeats. Nem estou a brincar, todos todos todos. Estão todos divididos por tema, época, e género. No final até tem os poemas narrativos e dramáticos. E nas últimas páginas tem um índice de todos os poemas e primeiros versos. É um volume muito completo.
Devido ao facto de poesia ser tão mais subjetiva, e de certo modo mais “especial” do que os outros géneros, tenho sempre receio de vir para aqui falar de poesia como se estivesse a falar de uma coisa natural e simples. Não que prosa ou género dramático, etc, não seja especial, mas é diferente. Porém não queria deixar de vir aqui dizer-vos que coisa maravilhosa eu tive o prazer de ler, e por um preço tão módico.
Para quem não conhece, Yeats foi um poeta e dramaturgo irlandês, que também esteve envolvido em atividades políticas, e que ficou muito ligado ao renascimento literário irlandês, viveu entre o final do século XIX e o início do século XX, e ganhou o Prémio Nobel da Literatura em 1923. A maioria das pessoas parece associa-lo com os poetas românticos, mas eu vou ter de discordar. Com este volume da Wordsworth, e devido à organização do mesmo, é possível perceber que, se nos seus primeiros anos enquanto poeta os seus poemas eram muito românticos e por vezes até fantasiosos, lá para o final, quando era mais velho, os seus poemas eram mais realistas e até mais intelectuais. Acho que isto resulta não só de um amadurecimento pessoal, mas também do convívio com outros poetas. Então eu chego à conclusão de que não o posso considerar um “poeta romântico”. Até porque esse título está tão associado com outros poetas, como o próprio Keats, que não consigo deixar de pensar que os dois não podiam ser mais diferentes, então porquê metê-los no mesmo “saco”?
Se é verdade que muitos dos seus poemas têm um “argumento” romântico, há ainda outros temas muito presentes. Notei particularmente que lendas, mitos e histórias de outros autores também serviram muitas vezes de argumentos a Yeats. Por exemplo, o mito de Leda e o Cisne, ou a Guerra de Tróia. Há também muitas referências a pintores e arte, como a Michelangelo e ao seu trabalho no teto da Capela Sistina. Outro tema recorrente é o mar, o oceano, as ondas.
A título pessoal gostei muito de um poema chamado “The old men admiring themselves in the water” e “O do not love too long”. São lindos lindos lindos. Há também um poema em que ele fala de Keats! Compara-o a um garoto de colégio a olhar para a montra de uma loja de doces. Não é a melhor maneira como já alguém descreveu Keats e a sua crença, espirito, e ingenuidade?
Enfim, não vou prolongar esta reflexão sobre a poesia de Yeats. Mas deixo-vos aqui um apelo para que percam um pouco do vosso tempo a ler alguns poemas dele. Sei que há coleções de poemas dele traduzidas em português, se não quiserem ler na língua de origem, o que eu aconselho sempre que possível, porque no caso da poesia perdem-se muitas coisas no processo de tradução. Então é isto malta, leiam pelo menos um ou dois poema de Yeats. Acho que vão gostar. E fiquem de olho aqui no blog, porque mais cedo ou mais tarde venho aqui falar dos outros volumes que comprei.
Idioma de Leitura: Inglês
3/5