Que espantoso este pássaro, ontem voava ao mesmo passo com que eu corria, e hoje que estou cansado, voa ao passo lento com que caminho. Que coisa espantosa!
As Mil e Uma Noites é uma daquelas obras que sempre quis ler, mas que nunca lia. Essencialmente desculpava-me com três razões: era muito grande, não havia tradução, já sabia do que tratava (pensava eu!). A questão resolveu-se com a nova tradução portuguesa que chegou recentemente em três volumes. Comecei a ler o primeiro no início do ano e acabei de ler o último na semana que passou.
Estes nossos corações são coisas curiosas e contraditórias e, o tempo e a natureza levam a sua avante independentemente de nós.
Creio que grande parte de vós ouviram, nos últimos tempos, falar desta autora e da sua obra Mulherzinhas, nem que seja em virtude da adaptação cinematográfica mais recente e muito popular. Boas Esposas é uma sequela dessa obra. Na verdade, na altura em que foram publicadas, as duas eram uma só, apenas divididas em primeiro e segundo volumes. No entanto, provavelmente por influência britânica - já que em Inglaterra as obras foram publicadas separadas - circulam com frequência isoladamente e não em conjunto ou em volumes. Eu li Mulherzinhas quando era muito mais nova mas nunca li, ou soube na altura da existência de Boas Esposas. Quando vim a saber já não tinha grande entusiasmo. Apenas recentemente, em consequência da projeção mediática da adaptação cinematográfica, me recordei de Mulherzinhas e da existência de Boas Esposas. Antes que me passasse novamente o entusiasmo, decidi que era desta que lia esta sequela!
E o pequeno facto gritante que ressoa ao longo da história: a repressão serve apenas para fortalecer e unir os reprimidos.
A primeira obra de John Steinbeck que li foi O Inverno do Nosso Descontentamento. Era mais nova e não percebi grande coisa, apenas mais tarde quando me fui lembrando dela a começei a entender melhor. Foi por essa altura que pensei que tinha de ler As Vinhas da Ira, até por ser considerada a “grande” obra de Steinbeck.
Faremos com que o Paraíso ressoe com os nossos hinos de agradecimento.
Esta semana venho falar-vos de um livro da autoria de Mary Shelley que contém duas adaptações de dois mitos da antiguidade clássica. Porque é que me lembrei esta semana de ler esta obra? Não faço ideia, simplesmente lembrei-me, não tive uma razão específica além de gostar muito da autora. Há pouco tempo, aliás, escrevi-vos sobre outra obra dela da qual gostei bastante, Mathilda.
A nossa é essencialmente uma época trágica pelo que nos recusamos a levá-la tragicamente. O cataclismo ocorreu, estamos entre ruínas, começamos a construir pequenos novos habitats, a ter pequenas novas esperanças. É um trabalho árduo: não há uma estrada direta para o futuro: mas damos voltasou apressamo-nos entre os obstáculos. Temos de viver, independentemente de quantos céus caíram.
Já gostava de ter lido esta obra há mais tempo, mas apenas este ano coloquei mesmo na minha “lista”. Compreendo que é uma obra bastante popular e talvez existam mais pessoas que já a leram do que pessoas que a querem realmente ler. A popularidade precede-a.
Era a primeira vez que lhe escreviam aquelas sentimentalidades, e o seu orgulho dilatava-se ao calor amoroso que saía delas, como um corpo ressequido que se estira num banho tépido; sentia um acréscimo de estima por si mesma, e parecia-lhe que entrava enfim numa existência superiormente interessante, onde cada hora tinha o seu encanto diferente, cada passo condizia a um êxtase, e a alma se cobria de um luxo radioso de sensações!
Penso que ainda não tinha tido oportunidade de vos falar sobre nada de Eça de Queiroz. É provavelmente o meu autor português preferido e se não vos falei sobre nada dele mais cedo foi porque a maioria das suas obras li quando era mais nova. Calhou muito recentemente falar sobre este autor e perceber que ainda não tinha lido esta obra. Na altura em que li as obras de Eça, apesar de não ter sido assim há tanto tempo, não era tão frequente existirem tantas e tão diferentes edições.
É preciso reconhecer que o amor é um grande professor. O que não sabemos, ele ensina-nos.
Confesso que o principal fator que me impeliu a ler este livro foi o título, L´École des femmes, e, se não o tivesse por acaso visto à venda, provavelmente não me lembraria espontaneamente de o ler. Gosto muito de Molière, mas realmente não conhecia esta obra. Todavia, assim que a vi percebi que seria o tipo de obra da qual gostaria.
Todas as mulheres são rebeldes, geralmente estão numa ampla revolta contra si mesmas.
Esta semana venho falar-vos de uma outra leitura de oportunidade nestes tempos que passam tão devagar. Lembro-me que há semanas vos falei de De Profundis, então tenho consciência que estou a repetir um autor, mas não resisti quando encontrei esta obra! Como vos contei naquela altura, gosto muito de Wilde.
“Não sabemos o que significa este mundo amplo; a sua estranha mistura de bem e de mal. Mas fomos colocados aqui e foi-nos oferecida vida e esperança. Não sei no que devemos ter esperança; mas existe algo de bom além de nós que devemos procurar; e essa é a nossa tarefa na terra. Se o infortúnio vier ter connosco, temos de o combater. Temos de o colocar de lado e continuar a descobrir ao que devemos, por natureza, almejar.”
Esta semana venho falar-vos de uma leitura que foi, de facto, meramente de oportunidade. Conhecia a obra apenas de nome e, apesar de ter pensado em ler, foi apenas na semana que passou que, quando por acaso e enquanto procurava por outra obra me deparei com Mathilda e que pensei que, mais valia aproveitar esta época em que temos tanto tempo e tanta margem para o gerir como nos melhor aprouve para a ler.
Toda a gente conhece a história. É exatamente o tipo de história que nos habituamos a ouvir e a ver adaptada nas mais diversas formas ao longo do tempo e que, também por hábito e afeição, vamos reproduzindo e propagando também nós. Raramente pensamos acerca da sua origem ou sobre como seriam antes de serem tão transformadas pelas sucessivas adaptações. Confesso que foi por causa do ballet que me lembrei de ler a história original de O Quebra-Nozes.
Estudante de Letras. Romântica Incurável. Perdida algures num sonho. Apaixonada por livros, chá, contos de fadas, tragédias e chuva. Entre Flores & Estrelas.