É preciso reconhecer que o amor é um grande professor. O que não sabemos, ele ensina-nos.
Confesso que o principal fator que me impeliu a ler este livro foi o título, L´École des femmes, e, se não o tivesse por acaso visto à venda, provavelmente não me lembraria espontaneamente de o ler. Gosto muito de Molière, mas realmente não conhecia esta obra. Todavia, assim que a vi percebi que seria o tipo de obra da qual gostaria.
De facto, ouvindo os gritos de alegria que cresciam na cidade, Rieux recordou-se de que essa alegria estava ameaçada para sempre. Porque ele sabia o que essa multidão em alegria ignorava e que pode ser lido nos livros, que o bacilo da praga nunca morre nem desaparece, que pode permanecer adormecido por décadas em móveis e têxteis, que ele aguarda pacientemente em quartos, caves, malas, lenços e papeladas e que, talvez chegue o dia em que, para infortúnio e educação dos homens, a praga desperte os seus ratos e os envie para morrer numa cidade feliz.
Não vou fingir que vos venho falar deste livro em particular por alguma razão que não a situação atual que todos vivemos. A Peste estava na minha lista há algum tempo, sobretudo porque gosto muito de Camus. Lembro-me que quando li O Mito de Sísifo — que foi o último livro do autor que li — era para ter lido antes este. Depois foi passando e, não fosse o que se está a passar agora, não me parece que me tivesse lembrado tão cedo. Mas ainda bem que me lembrei.
A ambição inebria mais do que a glória; o desejo floresce, a posse murcha todas as coisas.
Este ano li finalmente Em Busca do Tempo Perdido e, se seguem o blog, sabem o quanto me tocou e impressionou tal obra. Não me canso de dizer que foi a coisa mais bela, extraordinária e grandiosa que alguma vez li ou que, tenho a certeza, alguma vez lerei. Está claro que após ler essa obra, imediatamente quis ler mais coisas de Proust. Podia e gostava de ler obras dele a minha vida inteira. Logo no final do verão encomendei LesPlaisirs et les Jours, mas só na semana que passou li. Fiquei tão impressionada com Em Busca do Tempo Perdido, e ainda penso tanto nessa obra que se não li esta mais cedo foi para ir adiando a tristeza que sabia que ia experienciar quando a acabasse.
É a mania de defender que tudo está bem quando tudo está mal. – respondeu Cândido.
Este livro representa uma rara exceção na minha lista. Não fui eu que o escolhi, foi-me recomendado por colegas. Claro que eu, uma pessoa tão esquisita, não leria um livro só por recomendação. Confesso que gosto bastante de Voltaire. Ainda assim, fico sempre feliz quando leio algo porque alguém me diz que devia ler. Demonstra que me conhecem bem. E, se eu gosto da obra, fico ainda mais feliz porque descobri um novo livro.
“Sonhamos muito com o paraíso, ou antes, com numerosos paraísos sucessivos, mas são todos, muito antes de morrermos, paraísos perdidos, onde perdidos nos sentiríamos."
Finalmente. Se seguem o blog sabem que, no começo da primavera, quando tudo começava a florir, eu comecei a ler o primeiro volume de Em Busca do Tempo Perdido, ou seja, Do Lado de Swann, livro sobre o qual escrevi aqui. Lembro-me de ter pensado na altura que mais valia escrever sobre cada um dos sete volumes à medida que os fosse lendo, mas a verdade é que, assim que os lia sentia-me tão possessiva em relação à obra que não queria sequer falar sobre ela, não queria que ninguém "ma tirasse", que ela nunca deixasse de ser só “minha”. Sei que é estranho, mas é a verdade. Há semanas, acabei o último volume e, se só escrevo sobre a totalidade da obra agora, é porque tenho estado num processo de luto em relação ao tempo que perdi a ler estes 7 volumes e que nunca vou perder outra vez, pelo menos não da mesma maneira. O meu grande desejo era poder perder este tempo para sempre e nunca o reencontrar.
Esta obrafazia parte da minha lista de livros a ler há séculos. Não o li há mais tempo porque, como sabia que era um livro genial mesmo antes de o ler, quis esperar para o ler no original, para não ter de lidar com uma tradução. Mas agora, finalmente, posso falar sobre ele.
“Aquela mulher tinha uma admiração infantil pelas coisas mais simples. Havia dias em que ela corria pelo jardim como uma menina de dez anos atrás de uma borboleta ou de uma libélula. Aquela cortesã, que gastou mais dinheiro em ramos de flores do que aquele que seria necessário para uma família inteira viver com conforto, às vezes sentava-se na relva durante uma hora para examinar a simples flor que tinha o seu nome”
Não sei bem desde há quanto tempo é que queria ler este livro, mas lembro-me de ser menina e procurar a tradução desta obra por todo o lado sem nunca a encontrar. No último mês comprei a versão em francês e resolvi-me a ler.
Estudante de Letras. Romântica Incurável. Perdida algures num sonho. Apaixonada por livros, chá, contos de fadas, tragédias e chuva. Entre Flores & Estrelas.