“Crime e Castigo”, Fiódor Dostoiévski
“Todos derramam sangue, que corre e sempre correu neste mundo, como uma catarata, que vertem como champanhe, e pelo qual são coroados no Capitólio e depois chamados benfeitores da humanidade. Tu olha com mais cuidado e vê se compreendes! Eu próprio queria o bem das pessoas e era capaz de fazer centenas, milhares de boas ações em vez desta asneira, que nem sequer é uma asneira mas simplesmente um absurdo, porque toda esta ideia nem era assim tão estúpida como agora parece. Ao falhar, tudo parece estúpido! Com esta asneira queria apenas colocar-me numa posição independente, dar um primeiro passo, alcançar os meios, e depois tudo seria expiado por um benefício incomensuravelmente maior… Mas nem o primeiro passo fui capaz de suportar, porque sou um canalha! É nisso que está toda a questão! Em qualquer caso, não passarei a ver as coisas do vosso ponto de vista: se tivesse conseguido, coroavam-me; como não consegui, estou encurralado.”
No início do ano passado li Os Irmãos Karamazov, agora, na primeira semana de 2020 venho falar-vos sobre Crime e Castigo. Fiquei muito impressionada com Os Irmãos Karamazov na altura. Como vos contei no último post, foi dos livros que mais gostei de ler em 2019 e também de sempre. Decidi logo que queria ler tudo o que me faltava ler de Dostoiévski e decidi igualmente que ia começar pelos mais volumosos. Sim, esse foi o meu critério. Cada um com a sua.