“Vivemos pouco tempo na terra, fazemos muitas coisas más e dizemos muitas palavras más. Aproveitemos por isso o bom momento deste nosso convívio para dizermos uns aos outros uma boa palavra. Assim faço eu: enquanto estou neste lugar, aproveito o meu momento.”
Séculos e séculos e séculos. Foi esse o tempo que passei a convencer-me “a seguir vou ler os “Karamázov"”, e nunca lia! Finalmente aconteceu e, contra a minha própria crença, acabei num instante, e cá estou eu. Na verdade, terminei há já duas semanas, mas até hoje, não tive bem a certeza se queria mesmo falar sobre o livro, mas a minha vontade de querer dizer que toda a gente tem de ler esta obra triunfou.
“De amanhã em amanhã vão-se arrastando nossos dias, numa senda sem sentido, até à última sílaba do tempo registado; e a luz dos nossos ontens vai-nos guiando, quais tolos, para a morte.”
Shakespeare é um dos meus autores preferidos de sempre. E Macbeth é um das poucas peças do autor que ainda não tinha lido. Sinceramente, nem sei bem porquê. Acho que, como já conhecia a lenda, não tinha assim tanto entusiasmo para ler. Porém, como recentemente surgiu a oportunidade de fazer um trabalho na Faculdade sobre esta obra, comprei-a e li.
“Homem, o quão ignorante ele é no orgulho da sua sabedoria.”
Já tinha ouvido falar muito de Mary Shelley e do seu Frankenstein, mas foi só no ano passado, durante o último semestre da licenciatura, que decidi “vou ler este livro”. Falamos da autora devido à sua mãe, uma das fundadoras do feminismo verdadeiro – ênfase no “verdadeiro” -, numa cadeira de cultura, e do livro como pioneiro no género da ficção-científica numa cadeira de literatura. Desde então a minha curiosidade relativamente a ambos só cresceu. Entretanto passou-se mais de um ano, porém não me esqueci e cá estou eu.
Como provavelmente sabem, em Frankenstein, Mary Shelley conta a história de um estudante – Victor Frankenstein – que numa demanda por conhecimento e ciência desenvolve o desejo de “criar” um ser seu semelhante, somente através da ciência e experiência. Esta “experiência” é de facto bem-sucedida – Frankenstein cria, de facto, um ser, cria um monstro. Aterrorizado, foge do mesmo e deixa-o à solta no mundo. A partir daí, a criatura persegue o criador e o resto é, literalmente, história.
A mensagem que a história passa, para mim, é a melhor coisa do livro. Quer dizer, quantas vezes já não pensaram que a inteligência da humanidade vai ser a sua perdição? Estou sempre a pensar nisso. Tenho sempre presente na minha mente que todo o desenvolvimento que estamos a promover nos vai arruinar. Estamos a jogar um jogo de Deus. E nós não somos Deuses, somos só humanos. Claro que temos de evoluir e criar, é a lei da vida e precisamos de inovar para sobreviver. Mas já viram o que somos capazes de fazer? Criamos venenos e drogas, criamos armas e robots, inventámos guerras e coisas que voam, visitámos a lua e tocámos as estrelas. Fazemos coisas que nos matam todos os dias e não paramos nunca. Nunca estamos satisfeitos e estamos sempre à procura de criar a nova “grande coisa”. Quando penso em tudo o que já criamos não posso deixar de me sentir fascinada. Mas também assustada. Quando e onde vamos parar?
Vou dizer-vos uma coisa com toda a honestidade – gostei mais da mensagem da história do que da história em si. Adoro o seu simbolismo, mas a história em si não foi a minha preferida. Não obstante, é uma ótima história, e uma muito bem contada. A autora esteve muito bem na criação deste mundo fantástico e alternativo.
Sabiam que tudo começou como uma diversão? Ao que parece, a autora estava com outros autores e com o seu (muito) famoso marido a passar férias, quando foram retidos em casa por uma tempestade de neve. Então, juntamente com 3 desses autores, decidiu-se que fariam 4 histórias de fantasia para se entreterem. Destes 4, só Mary não faltou à palavra. E ainda bem.
Para mim, este foi um começo glorioso para a ficção-cientifica como género. E como tal acho que nunca pode ser ignorado. Foi assim, pelas mãos de Mary Shelley, que nasceu um dos géneros mais aclamados e vendidos atualmente. Nem que seja por uma questão de curiosidade ou respeito, acho que todos devíamos ler esta obra.
Como tal, recomendo-vos a leitura desta obra tão fundamental no cânone. Se gostam de ficção-cientifica, então não podem mesmo deixar de ler. E se não gostam, bem Frankenstein é um clássico. E se há coisa clara como água na literatura para mim é que os clássicos são para ser lidos. Foram eles que transformaram a literatura no que ela é hoje, e temos para com eles uma divída de milhões. Se a única forma através da qual a podemos saldar é lendo-os, então de que estamos à espera? Corram até a livraria mais perto de vocês e comprem Frankenstein de Mary Shelley. Leiam!
“Basta amar ou ser amado. Não peçam mais nada depois. É esta a única pérola que podemos encontrar nos caminhos tenebrosos da vida. Amar é uma consumação.”
Após quase um mês de ausência, regressei. E voltei com uma justificação para este tempo afastada: Os Miseráveis. Vocês literalmente não têm noção de há quanto tempo eu queria ler este livro. A única razão pela qual não o li antes é simples e prende-se com o seu tamanho. Mas agora lá foi. Li a grande obra de Victor Hugo e não podia estar mais feliz e literariamente realizada do que estou neste momento.
Sou uma grande fã de Virginia Woolf enquanto personalidade literária. Acho-a uma das mais interessantes. Quando era mais nova li Mrs Dalloway e lembro-me de ter ficado muito bem impressionada. O ano que passou li O Quarto de Jacob por motivos académicos e também não desgostei. Em relação a este Rumo ao Farol devo dizer que sempre foi o livro de Woolf que mais me aguçou a curiosidade, então a semana que passou enchi-me de coragem e peguei nele.
“Eu não tive primeiro amor, comecei diretamente pelo segundo.”
A minha história de amor com este livro começou na livraria. Vi, por acaso O Primeiro Amor na livraria que habitualmente frequento e soube logo que o queria ler. Por três razões: primeiro, é um clássico que como sabem, é a minha “categoria” preferida; segundo, é russo: não sei se já vos contei mas sou uma grande fã da literatura russa; e terceiro, o título: como sabem sou uma dessas pessoas que se deixa levar por um bom título e uma capa bonita. Shame on me. A ideia de “primeiro amor” é para mim muito importante, como já vos vou passar a contar.
Estudante de Letras. Romântica Incurável. Perdida algures num sonho. Apaixonada por livros, chá, contos de fadas, tragédias e chuva. Entre Flores & Estrelas.