Tem cada um o seu modo pessoal de dormir e morrer, julgamos nós, mas é o dilúvio que continua, chove sobre nós o tempo, o tempo nos afoga.
Não sei sobre quantas obras de Saramago já vos falei aqui, mas sei que já foram algumas. Como já vos contei, sou uma grande fã. Em relação a esta escolha em particular, apesar de há muito estar na lista de obras de Saramago que queria ler, confesso que foi devido ao filme baseado na obra e realizado por João Botelho que está para estrear que me decidi de uma vez a comprar e a ler. Não fosse isso, talvez tivesse optado por outra.
Não há nada que abunde mais na minha biblioteca do que romances ingleses de século XVIII e XIX. Durante a minha adolescência era tudo o que gostava e tudo o que lia e foi através deles que conheci todos os outros grandes clássicos que fui lendo. Recentemente, não sei bem explicar porquê, fui me lembrar de que não tinha lido assim tanto de Dickens. Great Expectations (Grandes Esperanças em Portugal), óbvio, e alguns contos, mas onde estavam os outros romances dele que eu sabia de antemão que ia adorar? Foi mais ou menos o mesmo que me levou, há uns tempos, a fazer uma encomenda de obras de Shakespeare que ainda não tinha lido (falei de algumas aqui no blog!). Assim que pensei nisto fui ver o que me faltava ler, fiz uma encomenda e venho-vos agora falar de uma das coisas simultaneamente mais doces e cruas que já li, Oliver Twist!
“Aquela mulher tinha uma admiração infantil pelas coisas mais simples. Havia dias em que ela corria pelo jardim como uma menina de dez anos atrás de uma borboleta ou de uma libélula. Aquela cortesã, que gastou mais dinheiro em ramos de flores do que aquele que seria necessário para uma família inteira viver com conforto, às vezes sentava-se na relva durante uma hora para examinar a simples flor que tinha o seu nome”
Não sei bem desde há quanto tempo é que queria ler este livro, mas lembro-me de ser menina e procurar a tradução desta obra por todo o lado sem nunca a encontrar. No último mês comprei a versão em francês e resolvi-me a ler.
"A morte, por si mesma, sozinha, sem qualquer ajuda externa, sempre matou muito menos que o homem”
Como provavelmente já perceberam, eu não sou por excelência uma apreciadora ou admiradora de literatura portuguesa. Não é o meu campo de interesses principal e sinto sempre que para me prender, tem realmente de ser uma obra notável. Assim, há muito poucos autores que aprecie e como tal, cada vez que decido do nada que é altura de ler literatura portuguesa, é um desafio. Tudo o que é clássico, já está lido. E tudo o que é atual, simplesmente não me puxa. Saramago é como o meio termo e então, para mim, é uma exceção. Desta forma, nos últimos anos, cada vez que decido que está na hora de literatura portuguesa, é sempre Saramago. Porém, as escolhas também vão escasseando cada vez mais e desta vez, a escolha foi As Intermitências da Morte.
“Sempre pensei que morrer de amor era apenas uma licença poética”
O primeiro livro que li de Gabriel García Márquez foi Cem Anos de Solidão. A esse seguiu-se O Amor em Tempos de Cólera. Há uns tempos lembrei-me do nada de que devia voltar a ler algo deste autor. Por nenhuma razão em particular. Simplesmente veio-me o pensamento à cabeça. Gosto de pensar que quando isto me acontece, é um sinal. Fui pesquisar qual o livro do autor com uma história que mais me apelasse e escolhi este.
“Não posso pensar nisso agora. Se o fizer, enlouqueço. Pensarei nisso amanhã. Então, vou conseguir suportá-lo. Afinal, amanhã é um novo dia."
E Tudo o Vento Levou é um clássico. Clássico do cinema, mas sobretudo clássico da literatura. Se vos disser quantas vezes, nos meus 22 anos me preparei para o ler ou para o ver e não o fiz, não acreditariam. O filme tem mais de 4 horas, o livro mais de 1000 páginas. Estão a perceber? Este verão, numa tarde em casa disse a mim mesma, de hoje não passa. Vi o filme. Vai parecer-vos exagerado, mas foram das 4 horas mais gloriosas e bem passadas da minha vida. Quando acabei o filme, abri a internet e mandei vir o livro. No sábado passado acabei de o ler, ao fim de 2 semanas. Das melhores da minha vida. Nunca me perdoarei por não ter lido este livro mais cedo.
“Eu acredito numa mistura de esperança e sol que adoça as piores coisas. Eu acredito que esta vida não é tudo; nem o começo, nem o fim. Eu acredito enquanto tremo; eu confio enquanto choro.”
O único livro das Brontë que ainda não tinha lido! Finalmente, posso riscá-lo da minha lista. A única razão pela qual ainda não tinha lido Villette foi o facto de não haver uma tradução em Portugal, e eu gosto sempre de ter uma versão em português e uma no original dos clássicos dos meus autores preferidos. E as Brontë estão definitivamente nessa categoria. Adoro-as. Como tal não fiquei surpreendida com a qualidade desta obra. A única coisa que me surpreendeu foi o facto de este livro não ser tão falado como os outros livros das Brontë, inclusive de Charlotte.
Estudante de Letras. Romântica Incurável. Perdida algures num sonho. Apaixonada por livros, chá, contos de fadas, tragédias e chuva. Entre Flores & Estrelas.