“Cartas a Véra”, Vladimir Nabokov
“Sim, preciso de ti, meu conto de fadas. Porque tu és a única pessoa com quem eu posso falar acerca da sombra de uma nuvem, acerca da canção de um pensamento – acerca de como quando eu hoje fui trabalhar e olhei para um girassol, ele sorriu para mim com todas as suas sementes.”
Lolita é um dos meus livros preferidos de sempre. Definitivamente no Top 5. Há uma parte do meu apreço por esse livro que se prende com a narração, com o estilo, com a qualidade da escrita, com o seu autor. Há ali uma pequena história da literatura. Por conseguinte, Nabokov tornou-se um dos autores que mais aprecio. Em consequência desta admiração, descobri certa vez este Letters to Véra, uma coleção completíssima de cartas que o autor escreveu à esposa Véra ao longo dos anos. As quase 900 páginas não me impediram de começar esta leitura. E porquê lermos a correspondência de alguém, neste caso, de um autor? Bem, se não pela poesia e pelo cariz quase literário que nunca abandona realmente qualquer coisa que um escritor escreva, pelo menos por tudo aquilo que podemos conhecer e descobrir acerca do dito autor.